quarta-feira, 7 de julho de 2010

Luzia-homem

DOMINGOS OLÍMPIO BRAGA CAVALCANTI, cearense de Sobral. Nasceu em 18 de setembro de 1850 e faleceu em 6 e outubro de 1906, no Rio de Janeiro. Advogado e jornalista.
Por sua composição "Luzia-Homem", publicada em 1903, é considerado um clássico, enquadrando-se no gênero "Ciclo das Secas", da Literatura Nordestina. Compôs várias peças teatrais, tendo se realçado também na carreira jornalística. Fundou e dirigiu a revista "Os Anais", onde publicou o romance "0 Almirante", deixando incompleto "Urapuru", também romance.
Alguns de seus romances são realistas, de cunho regionalista como se observa nos tipos e cenas que descreve. Sua prosa é exuberante, dúctil e pitoresca. É considerado o precursor do moderno romance brasileiro.
LUZIA-HOMEM (realismo/naturalismo)
A ação de Luzia-Homem transcorre no Ceará, em 1878. A protagonista que confere título à obra, reúne qualidades físicas de homem e a beleza plástica de mulher. Integrada num grupo de retirante, logo sua figura soberba chama a atenção de homens diametralmente opostos: Crapiúna, soldado de maus bofes, e Alexandre, honesto e trabalhador.
Crapiúna, a fim de conseguir as boas graças de Luzia, arma uma calúnia contra Alexandre, e este é preso sob acusação de roubo. Graças à interferência de Teresinha, pobre desgraçada mas ainda animada por uns restos de virtude, tudo se esclarece e Crapiúna acaba sendo levado para a cadeia em lugar de outro.
Assim, Luzia e Alexandre podiam realizar seu sonho: ir para a praia com a mãe dela, velha entrevada, casar-se. Em caminho, Luzia, enveredando por um atalho, topa com Crapiúna, que fugira da prisão para vingar-se de Teresinha. Lutam, e o soldado apunhala a moça, em seguida despenca no precipício.





Luzia-Homem

Na construção da penitenciária de Sobral, pequena cidade do Ceará, muitos retirantes trabalham para não morrerem de fome.
Uma linda morena chama a atenção de todos. É luzia que faz serviços de homem para poder receber ração dobrada, em virtude de ter a mãe doente em casa. Seu corpo é esbelto e feminino e, acostumada que fora na antiga fazenda do pai a trabalhar em serviços pesados, tinha muita força, fazendo o que muitos homens não podiam. Por isso recebera o apelido de Luzia-Homem. Recatada e silenciosa, não tinha muitas relações de amizade. No entanto, o soldado Crapiúna era apaixonado ou pelo menos atraído fisicamente com violência por Luzia. Esta não correspondia aos seus cortejos, desprezando-o e tornando o soldado cada vez mais obcecado por ela.
Tinha Luzia um amigo muito leal e respeitoso chamado Alexandre, rapaz bonito e educado, que trabalhava no armazém da Comissão. Teresinha era outra amiga de Luzia. Moça branca, de cabelos castanhos, que há muito havia fugido de casa e se prostituíra.
Certo dia passando com Teresinha pelo armazém, viram um tumulto e ao se informarem ficaram sabendo que Alexandre fora preso por causa de um grande roubo que houvera no almoxarifado do armazém.
Luzia e Teresinha, acreditando na inocência de Alexandre que estava na prisão aguardando o julgamento, levavam-lhe comida todos os dias.
Tempos após, Teresinha, tendo ido se esticar na rede, vê nos fundos do quintal o soldado Crapiúna abrindo um baú e apanhando uma bolsa de couro de onça contendo dinheiro. Teresinha passa a desconfiar do soldado, o mesmo acontecendo com Luzia a quem Teresinha contara o ocorrido. Outro dia Luzia encontra Quinotinha que lhe diz ter ouvido Crapiúna confessando ser o autor do roubo a uma mulher que o amava. Luzia, certa da verdade, antes de falar com Teresinha foi a te o Delegado e lhe contou tudo, o qual não acreditando muito, foi até o quintal da casa de Teresinha encontrando o baú com as coisas roubadas do armazém.
No julgamento, Alexandre foi absolvido e Crapiúna expulso da corporação. O ex-soldado, vendo a felicidade de Luzia, jurou vingar-se.
Teresinha encontra a família que a estava procurando pelo sertão e vão morar juntos na casa dela.
Passados esses acontecimentos, Alexandre propôs a Luzia irem morar na serra, levando a mãe dela e a família de Teresinha. Luzia, que começara a despertar para o amor de Alexandre que já a amava silenciosamente há muito tempo, fica feliz e começam a arrumar as trouxas.
Alexandre partiu no dia seguinte com a família de Teresinha para escolherem a casa.
Teresinha, Luzia, Josefina, Raulino e outros quatro homens foram na tarde do dia seguinte,
Teresinha saiu na frente para ajudar os outros na arrumação da casa. Os cinco homens carregavam a rede com D. Josefina e Luzia logo atrás. Ao chegar à serra, Raulino indicou um atalho à Luzia dizendo que eles levariam a rede com D. Josefina pela estrada. Luzia foi seguindo os passos de Teresinha no barro.
Andou ao redor de um morro até que chegou a um rio cheio de pedras e de água pura. Quando ia atravessa-lo ouviu um grito. Olhou a sua esquerda e viu Crapiúna, que havia fugido da cadeia e que estava segurando Teresinha pelo braço. Luzia atravessou o rio e gritou:
- Solte a moça, seu Crapiúna!
- Até que enfim nos encontramos, disse o bandido.
Largou Teresinha e avançou sobre Luzia, puxando-a e rasgando toda sua roupa. No desespero, Luzia reagiu cravando as unhas no rosto de Crapiúna, deixando desfigurado e tonto. Crapiúna arrancou uma faca e cravou-a no peito de Luzia. Despencando em seguida do penhasco.
Neste instante chega Raulino que vê Teresinha horrorizada e, olhando a sua direita, aproxima-se de Luzia, já com os olhos arregalados.

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