terça-feira, 5 de julho de 2011

RESUMOS UEPG - O GUARANI - JOSÉ DE ALENCAR


Na primeira metade do século XVII, Portugal ainda dependia politicamente da   Espanha, fato que, se por um lado exasperava os sentimentos patrióticos de um frei Antão, como mostrou Gonçalves Dias, por outro lado a ele se acomodavam os conservadoristas e os portugueses de pouco brio.
D. Antônio de  Mariz,  fidalgo dos  mais  insignes  da  nobreza de  Portugal,  leva  adiante  no  Brasil  uma colonização dentro mais rigoroso espírito  de  obediência  à sua  pátria. Representa, com sua casa-forte,  elevada  na Serra dos Órgãos, um baluarte na Colônia, a desafiar o poderio espanhol.
Sua casa-forte, às margens do Paquequer,  afluente  do Paraíba, é abrigo de ilustres portugueses, afinados no   mesmo  espírito  patriótico   e   colonizador,  mas  acolhe   inicialmente, com   ingênua   cordialidade,  bandos de mercenários, homens sedentos de ouro e prata, como o aventureiro Loredano, ex-padre que assassinara um  homem desarmado, a troco do mapa das famosas minas de prata.
Dentro da respeitável casa de D. Antônio de  Mariz,  Loredano vai pacientemente  urdindo  seu  plano  de destruição de toda a  família  e dos  agregados. Em  seus  planos, contudo, está  o  rapto  da  bela Cecília, filha de D. Antônio, mas que é constantemente vigiada por um índio forte e corajoso, Peri, que  em  recompensa  por tê-la  salvo certa vez de uma avalancha de pedras, recebeu a mais alta gratidão  de D. Antônio  e mesmo o afeto  espontâneo  da moça, que o trata como a um irmão.
A  narrativa  inicia  seus  momentos  épicos  logo  após   o  incidente em  que  Diogo, filho de  D.  Antônio, inadvertidamente, mata uma  indiazinha  aimoré,  durante  uma  caçada.  Indignados, os  aimorés  procuram  vingança: surpreendidos por Peri, enquanto espreitavam  o  banho de  Ceci,  para  logo  após assassiná-la, dois  aimorés  caem transpassados por certeiras flechas; o  fato  é   relatado à tribo aimoré por uma índia que conseguira  ver  o  ocorrido.
A luta que se irá travar não diminui a ambição de Loredano, que continua a tramar  a  destruição  de todos os que não o acompanhem. Pela bravura demonstrada do homem português, têm importância ainda dois personagens: Álvaro, jovem enamorado de Ceci e  não retribuído nesse amor, senão numa  fraterna  simpatia;  Aires Gomes, espécie de  comandante de armas, leal defensor da casa de D. Antônio.
Durante todos os momentos da luta, Peri, vigilante, não descura dos passos de Loredano, frustrando todas suas  tentativas de  traição ou  de  rapto de  Ceci. Muito mais  numerosos, os  aimorés  vão ganhando a  luta  passo a passo.
Num momento, dos mais heróicos por  sinal,  Peri,  conhecendo que estavam  quase  perdidos,  tenta  uma solução tipicamente indígena: tomando veneno, pois sabe que  os  aimorés são antropófagos, desce a montanha e vai lutar "in loco" contra os aimorés:  sabe que, morrendo, seria  sua  carne  devorada  pelos antropófagos e aí  estaria  a salvação da casa de D. Antônio: eles morreriam, pois seu organismo já estaria de todo envenenado.
Depois  de encarniçada luta, onde morreram  muitos inimigos,  Peri é subjugado e, já  sem forças,  espera, armado,  o  sacrifício  que  lhe  irão  impingir.  Álvaro (a esta altura enamorado de  Isabel,  irmã  adotiva  de Cecília) consegue heroicamente salvar Peri. Peri volta e diz a Ceci que havia tomado veneno. Ante o desespero da moça com essa revelação, Peri volta à floresta em busca de um antídoto, espécie de erva que neutraliza o poder letal do veneno.
De volta, traz o cadáver de Álvaro morto em combate com os aimorés. Dá-se então o momento trágico da narrativa: Isabel, inconformada com a desgraça ocorrida ao amado, suicida-se  sobre  seu corpo.  Loredano continua agindo. Crendo-se completamente seguro, trama agora a morte de D. Antônio e parte para  a ação.  Quando  menos supõe, é preso e condenado a morrer na fogueira, como traidor.
O cerco dos selvagens é cada vez maior. Peri, a pedido do pai  de  Cecília, se  faz  cristão,  única  maneira possível para que D. Antônio concordasse, na fuga dos dois, os únicos que se poderiam salvar.  Descendo  por  uma corda através do abismo, carregando Cecília  entorpecida pelo vinho  que  o  pai  lhe dera  para que  dormisse,  Peri consegue  afinal  chegar  ao  rio Paquequer.  Numa  frágil canoa,  vai  descendo  rio abaixo,  até  que ouve  o  grande estampido provocado por D. Antônio, que, vendo entrarem os aimorés  em  sua  fortaleza,  ateia fogo  aos  barris  de pólvora, destruindo índios e portugueses.
Testemunhas  únicas   do  ocorrido,  Peri  e  Ceci  caminham  agora  por   uma natureza revolta em águas, enfrentando a fúria dos elementos da tempestade. Cecília acorda e  Peri lhe relata o sucedido. Transtornada, a moça se vê sozinha no mundo. Prefere não mais voltar ao Rio de Janeiro,  para onde iria. Prefere ficar com  Peri, morando nas selvas. A tempestade faz as   águas subirem ainda  mais. Por   segurança , Peri sobe   ao alto   de uma  palmeira, protegendo fielmente a moça.
Como as águas fossem subindo perigosamente, Peri, com força  descomunal, arranca a  palmeira  do solo, improvisando uma canoa. O romance termina com a palmeira perdendo-se no horizonte, não  sem  antes  Alencar ter sugerido, nas  últimas linhas  do romance, uma  bela  união  amorosa,  semente  de  onde brotaria mais tarde  a  raça brasileira...


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